Postos de Saúde de Duartina passam a atender casos não urgentes encaminhados pelo Hospital Santa Luzia

Medida busca reduzir a sobrecarga no Pronto-Socorro do Hospital Santa Luzia, que registra média de 4000 atendimentos mês

A partir desta terça-feira (13), os três Postos de Saúde da Família (PSFs) de Duartina passarão a realizar atendimento médico de casos não urgentes e pouco urgentes que forem encaminhados pelo Hospital Santa Luzia. A ação é fruto de uma parceria entre a Prefeitura de Duartina, a Secretaria Municipal da Saúde e o próprio hospital, com o objetivo de reduzir a superlotação no Pronto Socorro (PS).

Segundo o Hospital Santa Luzia, que registra uma média de 4 mil atendimentos mensais, o acúmulo de pacientes classificados como verde (pouco urgente) e azul (não urgente) vem sobrecarregando a equipe e comprometendo a agilidade dos atendimentos. O Protocolo de Manchester, que rege a triagem de urgência e emergência, será mantido no PS. Casos vermelhos, laranja e amarelos seguirão sendo atendidos com prioridade no local.

Os atendimentos no Pronto Socorro são classificados através do Protocolo de Manchester:

  • Vermelho (Emergência): Atendimento imediato (risco de morte iminente).
  • Laranja (Muito Urgente): Atendimento o mais rápido possível (risco significativo).
  • Amarelo (Urgente): Atendimento rápido, mas o paciente pode aguardar um pouco (risco moderado
  • Verde (Pouco Urgente): Atendimento pode aguardar (baixa complexidade) –
  • Azul (Não Urgente): Atendimento não urgente.

De acordo com a medida, os pacientes classificados como verde ou azul serão encaminhados à unidade de PSF mais próxima de sua residência, sendo previamente comunicada pela equipe do hospital. Caso optem por permanecer no PS, os pacientes receberão orientações, medicação para tratamento domiciliar e serão reavaliados em caso de agravamento do quadro clínico.

A decisão está amparada pela Portaria nº 2.048/2002 do Ministério da Saúde, que determina a priorização dos casos mais graves nos serviços de urgência. O diretor clínico do hospital, Dr. Marcelo Guimarães Miranda, enfatizou que nenhum paciente será negligenciado: “Toda criança, idoso ou pessoa em sofrimento clínico será assistida com máxima prioridade. Pedimos a colaboração da população para que vidas não se percam por falta de atendimento”, declarou.

A prefeita Suzy Simão reforçou que está à disposição da população e que qualquer pessoa que não consiga atendimento nos PSFs pode entrar em contato direto com ela para relatar o caso.

As três unidades básicas de saúde que receberão os pacientes encaminhados são:

  • USF 1 – Dr. Orlando Sabage: Rua Silvio Dedé Zuim, 69 – Centro
  • USF 2 – Cynira Bertozzo Sabbag: Rua Arnaldo de Campos Lima, 102 – Vila Duartina
  • USF 3 – Sebastião Franchim: Rua Honório Simão, 482 – Núcleo José Sebastião Pupo

Com essa reorganização, espera-se agilizar o atendimento de casos leves, diminuir o tempo de espera no PS e oferecer mais comodidade aos moradores, ao serem atendidos mais próximos de suas casas.

A direção do Hospital Santa Luzia publicou nota reforçando a importância da nova medida.

Hospital Santa Luzia vive colapso no Pronto-Socorro e reforça apelo à população: “Estamos fazendo o impossível”

O Hospital Santa Luzia, único pronto-socorro da cidade de Duartina, está enfrentando um momento crítico e sem precedentes. Em uma cidade com cerca de 15 mil habitantes, o hospital tem registrado mais de 4.000 atendimentos por mês, um número que ultrapassa em quase três vezes o esperado para um município deste porte. Diante dessa situação alarmante, o hospital emitiu um posicionamento oficial à população.

“Estamos fazendo o impossível. A nossa equipe está no limite físico e emocional. Nunca vivemos algo tão fora da normalidade”, afirma Dr. Marcelo Guimarães Miranda, diretor clínico da instituição. “O que estamos presenciando é uma distorção do uso do pronto-socorro, que hoje se tornou porta de entrada para toda e qualquer queixa de saúde, mesmo as que não representam urgência. Isso está colocando em risco quem realmente precisa de atendimento rápido, como crianças pequenas com febre alta, idosos com falta de ar ou pacientes com suspeita de infarto ou AVC.”

A explosão de casos de dengue, somada à alta de infecções respiratórias, gerou um cenário de guerra para os profissionais da saúde. Macas ocupadas, filas de espera longas e profissionais exaustos tornaram-se rotina. Por isso, a Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com a Prefeitura e o Hospital, decidiu readequar temporariamente o fluxo de atendimento no pronto-socorro.

A partir de agora, pacientes classificados com fichas azul e verde — ou seja, sem urgência — serão encaminhados para acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Caso o paciente deseje permanecer no hospital, será orientado e medicado para tratamento domiciliar, com a possibilidade de retorno em caso de piora.

“Essa medida é amparada pela Portaria nº 2.048/2002 do Ministério da Saúde, que regula a Política Nacional de Atenção às Urgências, determinando que os serviços de pronto-atendimento devem priorizar casos classificados como urgência e emergência. O hospital está seguindo a lei e zelando por vidas. E isso inclui o seu respeito ao tempo de espera de quem está em risco real de morte”, explica Dr. Marcelo.

O hospital reforça que nenhum paciente será negligenciado, e que toda criança, idoso ou pessoa em sofrimento clínico será assistida com a máxima prioridade, conforme os critérios da triagem de risco. A triagem seguirá o Protocolo de Manchester, utilizado nos principais centros de urgência do país.

“Pedimos a colaboração da população. Estamos trabalhando para garantir que vidas não se percam por falta de atendimento. E para isso, precisamos da consciência de todos. Não se trata de negar atendimento, mas de garantir que ele chegue primeiro a quem mais precisa”, enfatiza o diretor clínico.

O fornecimento de atestados médicos será feito apenas nos casos em que o profissional julgar realmente necessário o afastamento, sendo emitida declaração de comparecimento para os demais casos. Isso visa garantir responsabilidade no uso do sistema público de saúde.

A população será novamente informada assim que os atendimentos forem normalizados. Até lá, a união de esforços entre hospital, UBSs e gestão municipal é essencial para atravessar esse momento crítico com segurança e humanidade

Dr. Marcelo Guimarães Miranda – Diretor clínico do Hospital Santa Luzia